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Conversas com Valter Ventura

CONVERSAS COM VALTER VENTURA
 
Nos dias 10 e 17 de Abril, às 18h, o Carpe Diem Arte e Pesquisa acolhe duas Conversas com o artista Valter Ventura sobre o seu projecto Compêndio do Nada.
 
10 Abril, 18h // Processo conceptual e mapa de referências 
Valter Ventura discutirá o processo conceptual e visual percorrido na realização do projeto Compêndio do Nada revelando relações de trabalho e experimentações visuais paralelas à criação das obras apresentadas.

17 Abril, 18h // Cartografia aberta com Catarina Pombo Nabais
Segundo encontro com Valter Ventura, onde o processo de elaboração e criação será ampliado com a introdução de interpretações complementares que permitem aprofundar detalhes interpretativos e a sua recontextualização em campos do conhecimento mais amplos. 
Ampliando a discussão filosófica inerente aos conceitos de vazio e de cartografia/território, o segundo encontro contará com a participação de Catarina Pombo Nabais.
 

// COMPÊNDIO DO NADA //
 
Na linguagem “ser” e “estar” são termos que se confundem. As mais remotas questões da filosofia aliam o conhecimento pessoal (“quem sou?”), com a ideia de viagem num espaço (“de onde venho?” e “para onde vou?”). O nada é assustador. Não conhecemos, não temos palavras para o descrever, não temos imagens para o identificar. É a fronteira do que somos e o limite onde estamos.
A cartografia tranquiliza-nos. Permite que os espaços se domestiquem de forma a podermos ir e vir sem nos perdermos, sem deixarmos de ser ou estar. Por isso damos nome aos territórios e a tudo o que neles está contido. Medimos as suas distâncias, alturas e profundezas. Mapeamos para não nos perdermos e para reclamar as conquistas.
 
Quando era pequeno tinha a cabeça cheia de John Waynes e Errol Flynnes. Percebi que a dimensão das suas aventuras era proporcional à dos desertos e mares que atravessavam. Deitava-me então sobre os mapas do «Gran Atlas Aguilar», que tendo 80cm eram quase da minha altura, para viajar com os dedos nesses territórios vazios. 
Reencontrei recentemente uma ilustração de Henry Holiday para o livro «The Hunting for the Snark» (1876) de Lewis Carrol. Num momento dessa narrativa, o capitão tenta acalmar a sua tripulação amotinada. Dominados pelo desespero de estarem perdidos em alto mar, os homens são tranquilizados com uma carta dos oceanos. Trata-se – na realidade – de um mapa em branco. Mas a convicção com que o capitão aponta para um espaço vazio, enquanto assegura “estamos aqui!”, acalma os marinheiros e termina a sua insubordinação. A cena causa-me sempre espanto. Intriga-me a oposição entre o medo e a ciência, as possibilidades contidas nos espaços vazios, o discurso sobre o nada ou as regras que ordenam o caos.
 
Voltei agora ao «Gran Atlas Aguilar» para explorar lugares que partilhassem as mesmas características: uma incerteza científica. Territórios concretos, delimitados e definidos por uma retícula de paralelos e meridianos, que entre as suas malhas não apanharam qualquer matéria utilizável para cumprir o seu propósito: achar-nos. Respeitando as divisões que a cartografia impõe, fui verificando uma quadrícula cheia de espaços sem referências, de não-lugares (utopos) que não sendo nada, podem vir a ser tudo.
 
 
// SOBRE OS INTERVENIENTES // 
 
VALTER VENTURA (Lisboa, 1979) é licenciado em História da Arte e completou o Curso Avançado de Fotografia no Ar.Co. É professor no Curso Superior de Fotografia do IPT, no Ar.Co. e no Atelier de Lisboa. Expõe desde 2005. Trabalha em dupla com José Nuno Lamas. Estão representados nas colecções do Centro de Arte Moderna Azeredo Perdigão (Fundação Calouste Gulbenkian) e da Fundação PMLJ. Integra o ciclo de exposições actual do Carpe Diem Arte e Pesquisa.
 
CATARINA POMBO NABAIS é licenciada em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, fez um doutoramento sobre Gilles Deleuze, em Paris, sob a orientação de Jacques Rancière, e é desde 2007 investigadora pos-doc no Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa, onde dirige a linha de investigação Ciência e Arte, no âmbito da qual coordena o projecto «Cartografias do Território».
 
 
// ENTRADA LIVRE //
 
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